Foi um antigo povoador desta ilha e cuja personalidade os antigos imobiliários madeirenses envolvem nas sombras do mistério, parecendo no entretanto tratar-se dum filho do rei D. Afonso V e de sua sobrinha D. Joana, a Excelente Senhora. O anotador da Historia Insulana, seguindo vários linhagistas, diz que «este homem tem vislumbres do Máscara de Ferro, em Paris, e veio para a Madeira com expressa proibição de sair desta ilha.
Tratava-se com grandeza e todos os anos lhe mandavam da casa real quanto lhe era necessário em abundância, porém nunca se soube quem eram seus pais. Falecendo em 13 de Julho de 1539, foi sepultado na sua capela, na qual poz por armas as quinas portuguesas em aspa sobre a cruz da Ordem de Cristo. Na lápide sepulcral de mármore está escrito o seu nome; e tem em meio relevo a figura dum menino com o rosto sobre a mão esquerda, e o cotovello sobre uma caveira, apontando com a mão direita para esta sentença tirada do livro da Sabedoria: Sic et nos nati continuo desivimus esse. A sua chegada à Madeira depois da paz celebrada entre D. Afonso V e a rainha de Castela D. Isabel, fez conjecturar que fosse filho delle e que razões de estado impedissem de reconhecel-o». A capela a que aqui se alude é a que se levantava próximo ao mar, na margem da ribeira da Serra de Água, na freguesia do Arco da Calheta. Foi a sede dum morgadio instituído por Gonçalo Fernandes, no qual sucedeu seu filho Pedro Gonçalves de Andrade. Esta casa vinculada passou mais tarde aos Freitas da Madalena, de que foi último representante o morgado Nuno de Freitas Lomelino.
Acerca deste lendário personagem encontramos no Dicionário Portugal, volume VI pag. 373 mais os seguintes interessantes esclarecimentos: «. . . Gonçalo Fernandes, cujo verdadeiro nome era D. Gonçalo Afonso de Aviz Transtamara Fernandes, filho de D. Afonso V e da infeliz rainha D. Joana de Castella, a excelente Senhora, que à força obrigaram a professar em Santa Clara de Coimbra. Era a este que competia succeder no throno a D. João II, se por conveniências de ordem política com a Espanha e com receio de que o matassem, não tivessem ocultado o seu nascimento, desterrando-o para a ilha da Madeira, com proibição de lá sair, muito embora levasse ali vida de príncipe, que de direito lhe pertencia, nada lhe faltando da parte da Casa Real para a ostentação dessa grandeza, enviando-lhe todos os anos caravelas carregadas com tudo o que lhe era preciso. Com a morte de D. João II e com o sequestro de D. Gonçalo quebrou-se a geração real, indo por isso ocupar indevidamente o throno de Portugal D. Manuel e sendo ainda mais anómala a sucessão dos Braganças».
He was a former inhabitant of this island and whose personality the ancient Madeiran real estate involves in the shadows of mystery, however seeming to be a son of King D. Afonso V and his niece D. Joana, the Excellent Lady. The annotator of the Historia Insulana, following several lineage writers, says that «this man has glimpses of the Iron Mask, in Paris, and came to Madeira with an express prohibition to leave this island.
He treated himself with greatness and every year he was sent from the royal house what he needed in abundance, but it was never known who his parents were. Dying on July 13, 1539, he was buried in his chapel, in which he placed the Portuguese quinas in aspa on the cross of the Order of Christ as weapons. On the tombstone of marble his name is written; and it has in half relief the figure of a boy with his face on his left hand, and his elbow on a skull, pointing with his right hand to this sentence taken from the Book of Wisdom: Sic et nos nati continuo desivimus esse. His arrival in Madeira after the peace celebrated between D. Afonso V and the queen of Castile D. Isabel, led to conjecture that he was his son and that reasons of state prevented him from recognizing him ». The chapel referred to here is the one that stood next to the sea, on the bank of the Serra de Água stream, in the parish of Arco da Calheta. It was the seat of a majorat established by Gonçalo Fernandes, in which his son Pedro Gonçalves de Andrade succeeded. This linked house later passed to the Freitas da Madalena, whose last representative was the morgado Nuno de Freitas Lomelino.
About this legendary character we find in the Dicionário Portugal, volume VI pag. 373 plus the following interesting clarifications: «. . . Gonçalo Fernandes, whose real name was D. Gonçalo Afonso de Aviz Transtamara Fernandes, son of D. Afonso V and the unfortunate queen D. Joana de Castella, the excellent Lady, who by force forced him to profess in Santa Clara de Coimbra. It was he who would have succeeded to the throne of D. João II, if for reasons of political convenience with Spain and for fear that they would kill him, his birth had not been concealed, banishing him to the island of Madeira, with a ban on leaving there, even though he led the life of a prince there, which rightfully belonged to him, lacking nothing from the Royal House to display that greatness, sending him caravels every year loaded with everything he needed. With the death of D. João II and with the kidnapping of D. Gonçalo, the royal generation broke up, thus unduly occupying the throne of Portugal D. Manuel and the succession of the Braganças being even more anomalous».
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