Olá Lúcia,
Parabéns pela iniciativa. É do tipo: "Já devia existir há muito tempo". E vem coincidir, e facilitar a adoção de outra providência - cuja proposta de implantação estou elaborando há algum tempo - de alta relevância para a saúde, felicidade e até prolongamento das vidas de nossos filhos: a ampliação das facilidades institucionais para que todos os que já têm essa consciência possam realizar os exames pré-nupciais, pré e pós-natais(exame-do-pezinho). Sem obrigatoriedade, é claro, como, por exemplo, na Islândia, onde a lei obriga anexação do mapa genético a todo registro de nascimento, sem exceção.
Em Brasília, hoje, um nascimento em duzentos, é de criança que sofrerá, mais cedo ou mais tarde em sua vida, os efeitos de algum tipo de síndrome genética que pode ser prevista, pré-tratada e até evitada
quando a patologia for detectada, no DNA, antes do aparecimento dos primeiros sintomas. Com os meios técnico-científicos, profissionais e clínicos já existentes no país, é uma questão apenas cultural, mas de alto significado social, econômico e até de orçamento da saúde pública, que se passe gradativamente a optar - sem laivos de eugenia - pela prevenção, sempre menos onerosa e menos sofrida, do que pela
busca desesperada da cura após a eclosão dos sintomas. Meu próprio
caso é exemplar: em viagem de serviço, fazendo uma auditoria, e à falta de cultura preventiva na época, não fui sequer capaz de identificar os claros e violentos sintomas de infrato agudo do miocárdio que sofri em 1980. Fui salvo por um ascensorista do Banco que os identificou e tomou as providências corretas em vez de apenas comprar o anti-ácido que lhe pedi. Aposentado, então, por invalidez permanente aos 44
anos de idade, exatamente a idade que tinha minha mãe quando teve o
mesmo - e fatal - quadro. Ela e quase todos seus 14 irmã/os tiveram a
mesma "causa-mortis". É incrível, mas isso não mudou até o hoje a "cultura" do tema saúde na minha família. Mesmo convivendo com há
precisos 32 anos com um "inválido" - que poderia perfeitamente ter sido mantido saudável e atívo SE tempestivamente tratado - quase
todos tendem a cair no fatalismo de "o que tiver que ser será", ou, pior,
do "quem procura encontra" !!! Tanto que, não obstante as facilidades
de exame através da CASSI, de que faço parte desde 1957, tive que
insistir muito para que todos, filhos, netos e sobrinhos, fizessem, ainda como criança, exame de colesterol. Fiquei surpreso com os resultados:
apenas um dos 3 filhos e um dos 4 netos estavam "programados" para
o infarte. Respectivamente com VLDL e Colesterol Total elevadíssimos.
Um antes dos 10 e outro antes dos 20 anos já têm pequenas placas nas artérias!!! Não me iludo quanto à celeridade da democratização da
mentalidade preventiva. Mas precisamos acreditar que, além de necessária, ela já é objetivamente viável. E trabalhar para que isso
ocorra o mais rápido possível. Antes que o orçamento público brasileiro
vá pro brejo, onde se já encontram tantos países do "primeiro mundo".
Grande abraço, Deisi